3.2.11

baixo: o dia, o tom. notas esmiuçadas
também. de uma distância de talvez seis
metros tenta reavaliar o choque, o rasgo,
o declive: enterrando uma árvore crescida
com a copa compressa num envelope ou
sacola plástica concreto adentro, uma de
duas espécies de piada: a que contam ou
a que sentem; e a árvore sendo um símbolo
(se trancafiada a beleza definha também de
um jeito belo) que contenha seus anos todos
numa única expressão

...


(desentranhar do cenário um só
pássaro, coagi-lo a tomar formas:
que seja a bengala para tirar
de cena pelo pescoço o verão,
desde a propulsão anti-gravitacional
das folhas despencando dos galhos
já metade-secas, até a sílaba
semi-pronta que estala trovões no
céu; sabe-se dos relâmpagos só
a linha luminosa e serpenteante
e) todo trovão, sem exceção,
é oco


(Dois poemas "velhos", que estão no Paisagem com Dentes, livro que publiquei pela Oficina Raquel, do RJ, em 2009 -- o livro completo está disponível para download gratuito no site da editora)

Um comentário:

Unknown disse...

te amo.

sou sua fã numero 1.

beijos